Pandemia revela fracasso da Previdência no Chile

Maioria recebe aposentadorias abaixo do valor do salário mínimo, e as mulheres chegam a receber cerca de 50% menos

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Protestos no Chile em outubro do ano passado

(* Vitor Farinelli – Brasil de Fato – de Valparaíso – Chile)

Ser idoso no Chile já era muito difícil antes mesmo da chegada do novo coronavírus. A doença, que tem nas pessoas acima dos 60 anos suas maiores vítimas, chegou ao país andino com o potencial de gerar resultados catastróficos, devido à situação de extrema pobreza que essas pessoas enfrentam, sobretudo graças a um sistema previdenciário que gera altíssimos lucros para empresas, enquanto aposentados recebem pensões miseráveis.

Para entender esta situação é preciso saber que a previdência no Chile está hegemonizada por empresas privadas. Os contribuintes chilenos depositam suas contribuições em contas de capitalização individual das empresas de AFP (Administradoras de Fundos de Pensão), quase todas atreladas a grandes conglomerados do setor financeiro. Essas contas recebem entre 10% e 12% do salário de cada trabalhador, e acumulam valores que vão gerar as aposentadorias no futuro.

Aposentadoria menor que o salário mínimo

Quando foi criado, nos anos 1980, durante a ditadura de Augusto Pinochet, o sistema prometia que a chamada “eficiência empresarial” produziria melhores rendimentos. O resultado é que, atualmente, um aposentado do sexo masculino ganha uma aposentadoria média de US$ 250 (R$ 1,4 mil). O valor pode parecer alto se comparado ao do Brasil, mas está muito abaixo do salário mínimo nesse país, que é de US$ 390, aproximadamente.

A Fundação Sol, um grupo de economistas independentes do Chile, analisa dados oficiais do Ministério do Trabalho e denuncia contradições desse sistema previdenciário privado. As empresas de AFP chilenas registraram, em fevereiro de 2020, lucros de cerca de US$ 195 bilhões de dólares, que foram divididos entre os acionistas. Esse valor, segundo análise da organização, representa quase 80% do Produto Interno Bruto do Chile.

Outro aspecto relevante é que a aposentadoria média das mulheres chilenas é 50% menor que a dos homens, ou seja, menos da metade de um salário mínimo. As professoras María Inés Valencia e Manuela Prieto Aguilera são prova dessa situação. “Eu me aposentei em 2012 e, atualmente, tenho a triste realidade de uma aposentadoria de 105 mil pesos (cerca de R$ 729)”, conta María Inés.


(* Via Brasil de Fato – assista ao vídeo)


(* Com informações do Brasil de Fato – leia mais

https://www.brasildefato.com.br/2020/05/12/pandemia-evidencia-pobreza-causada-pelo-sistema-privado-de-previdencia-do-chile


Leia mais
https://riaambrasil.org.br/apos-protestos-chile-vai-fazer-reforma-da-previdencia/

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