Governo francês mantém reforma da Previdência com concessões
O governo francês manteve seu projeto de sistema universal de aposentadoria, mas com concessões, no oitavo dia de mobilização social que paralisa o país contra essa reforma prometida pelo presidente Emmanuel Macron.
“Chegou a hora de criar um sistema universal de aposentadoria”, disse o primeiro-ministro Édouard Philippe ao apresentar a reforma, que ele descreveu como uma “revolução social”.
“Nossa ambição de universalidade é uma ambição de justiça social, não queremos machucar ninguém. Não haverá vencedor nem derrotado”, garantiu.
Mas, alertou o chefe de governo, “a única solução é trabalhar um pouco mais e gradualmente, como é o caso em toda a Europa”.
Incentivo a ‘trabalhar por mais tempo’
Assim, embora a atual idade legal de aposentadoria permaneça em 62 anos, a reforma “incentivará as pessoas a trabalhar por mais tempo”.
“Acima da idade legal, uma idade de equilíbrio com um sistema de bônus-malus” é fixada em 64, o que “já é um horizonte razoável para a grande maioria dos franceses”, disse Philippe.
O projeto visa mesclar os 42 regimes de aposentadoria em vigor atualmente na França em um sistema de pontos universal.
Os sindicatos e manifestantes exigem há oito dias a retirada definitiva da reforma.
Trens e metrôs aderem à paralisação
Trens parados, linhas de metrô fechadas, bicicletas e patinetes fora de serviço, creches e escolas parcialmente paralisadas, refinarias bloqueadas: este é o cenário na França desde a última quinta-feira.
A mobilização afeta particularmente o transporte público, com a operadora ferroviária SNCF e a RATP (metrô de Paris) rejeitando a abolição de seus regimes especiais.
Fazendo uma concessão aos sindicatos, Édouard Philippe anunciou que a reforma se aplicaria apenas aos franceses nascidos a partir de 1975.
“A transição será gradual” em direção ao sistema universal, prometeu.
(* Com informações da Agência France Presse com revista “Isto É Dinheiro)
https://www.istoedinheiro.com.br/governo-frances-mantem-reforma-da-previdencia-com-concessoes/
“Aumentou a ira dos franceses”, diz jornalista
Aumentou a ira dos franceses depois que o primeiro-ministro Edouard Philippe fez o anúncio oficial da reforma da previdência nesta quarta-feira.
Para Guillaume Duval, membro do Conselho Econômico, Social e Ambiental francês, a reforma da previdência, que motivou o movimento, já era esperada, assim como a revolta contra ela.
Em entrevista para o site DCM – Diário do Centro do Mundo, ele explica o teor da reforma da previdência, que ele descreve como parte de um “regime muito autoritário”, comparável ao de Donald Trump e Viktor Orbán.
Na visão do editorialista do jornal Alternatives Economiques, a França, um dos países que mais gasta no mundo com previdência, tem medo de ficar mais pobre ao se aposentar. A esquerda, diz ele, está dividida e a força de oposição mais bem articulada é a extrema direita, o que deve piorar o cenário. Mas a longo prazo, ele vê uma mudança possível.
(* Leia, na íntegra, a entrevista para o DCM